Especialistas refletem que a educação ambiental precisa fazer sentido para trazer resultados
Uma série de ações inspiradoras e reflexões sobre educação ambiental estiveram em pauta durante a Mesa-redonda "Ações de Educação em Saúde Ambiental em Saneamento Básico", na tarde do dia 10 durante o 50º Congresso Nacional de Saneamento Básico em Porto Alegre/RS, coordenada pela educadora e representante do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), de Valença (BA), Viviane Santos Oliveira. "Entender os resultados práticos e os ganhos proporcionados pelo saneamento e pelas melhorias ambientais é fundamental para que haja um real engajamento das pessoas", ressalta Viviane. Quem faz coro a esse pensamento é o diretor-técnico e científico da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan-RS), Francisco Milanez, que trabalha “desde o milênio passado com educação ambiental”, segundo sua própria definição, e que aprendeu muito entre erros e acertos. “Tendemos a ensinar as pessoas a importância do saneamento, mas o que precisamos fazer é ensinar a importância da vida das pessoas e como as ações ambientais refletem de forma prática na vida delas. É preciso que toque, que faça um sentido real”, reforça Milanez.
Também nesta linha, a coordenadora da Coesa–Funasa, Roberta Pereira Barros, ações em saúde ambiental como ação transformadora no saneamento em áreas rurais desenvolvidas pela Funasa, que leva em consideração o contexto em que a população está inserida. “Apenas desenvolver projetos e implantá-los nas comunidades é menosprezar a importância que a cultura e os saberes locais têm para tornar os projetos em políticas de saneamento locais sustentáveis”, comenta.
A comunicação como ferramenta para potencializar os resultados da educação ambiental foi defendida pelo gerente de Comunicação Social da Sanasa/Campinas (SP), Marcos Eduardo Lodi. “De nada adianta investir milhares de reais em pesquisa e ações se essa informação não chegar de forma adequada a quem se destina. No nosso caso, especialmente ao meio rural e às crianças”, afirma Lodi, que, nesses casos, acredita muito mais na comunicação olho no olho, do que via redes sociais, por exemplo. Um dos exemplos é o Sanasa na Comunidade, que aproxima a população da realidade da empresa e mostra a importância do tratamento da água e do esmilagoto. Os participantes recebem dicas sobre o uso racional da água, norteando ações educativas e preventivas.
Também da comunicação, a coordenadora da área na Samae de Caxias do Sul (RS), na Serra Gaúcha, Andréia Copini, concorda. “Um ponto fundamental do nosso trabalho é conscientizar por meio da distribuição da informação, até mesmo do contato de porta em porta quando necessário”, comenta.
Outro representante do Rio Grande do Sul foi Edson Plá Monterosso, engenheiro do SANEP de Pelotas, que apresentou uma série de ações desenvolvidas na cidade, como os projetos: “Adote uma escola”, criado para desenvolver a consciência ecológica entre as crianças, e Óleo Sustentável, uma ação para coletar o óleo de cozinha usado e transformá-lo em produtos de limpeza para o Município. “O produto é distribuído à população e utilizado pela prefeitura“, conta;
O coordenador de Educação Ambiental do DMAE de Porto Alegre (RS), Gustavo Hack de Barros Falcão, trouxe o histórico da atuação do departamento junto à educação ambiental da população, que iniciou nos anos 80. Entre as ações práticas estão as visitas orientadas à Hidráulica Moinhos de Vento, oficinas interativas nas diversas escolas do município desde a educação infantil até o ensino médio; palestras em instituições de ensino, empresas, centros comunitários ou unidades de saúde. Falcão comenta que é importante a conscientização da população para o dia a dia, mas também é necessário pensar questões mais abrangentes. “Hoje, 67% do uso da água é para irrigação. É um ponto a se refletir”, finaliza.